sexta-feira, 14 de maio de 2010

Metade


Não aceito ser tua metade. Sinto informar que este pensamento não me apetece. Recuso-me terminantemente a seguir a limitada lógica algébrica de que dois, para se tornarem um, precisem dividir-se ao meio, abandonar cinquenta por cento de si para que o outro se encaixe no espaço ali deixado. Não sou dada a mutilações. Quero permanecer inteira, quero continuar sendo eu. E te quero inteiro também, completo, com tudo o que tens direito de ser, tudo o que eu tenho direito de ser contigo.É criminoso à nossa humanidade sermos duas metades de o que quer que seja, as quais separadas não tem sentido próprio. Merecemos ser dois inteiros diferentes que, postos (sobre, sub ou inter), sejam um inteiro melhor. Assim, sem a ameaça de perdermos o propósito se, ou melhor, quando separados, poderemos ter a liberdade de estarmos juntos por querer estar, e não por precisar.

3 comentários:

  1. Adorei, Vizinha!
    Afinal, tem-se a necessidade de se ter um complemento, e não algo para se tornar um completo!
    Bjoo

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  2. já tava achando o post bom, mas a ultima frase me convenceu por completo!

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