domingo, 18 de dezembro de 2011

CriAtividade



E explode aquela necessidade de falar um monte de coisas que não sei como dizer, que nem consigo divisar direito ainda. Paro, penso, na tentativa de delimitá-las, discriminá-las, mas elas insistem em se condensar cada vez mais, uma massa disforme pesando no peito, bloqueando as sinapses do cérebro, comprimindo os brônquios. Às armas, então: lápis afiado, cordas tensas e golpes sucessivos dissecando, aos poucos, angústias, idéias, dúvidas e sentidos. Assim vai nascendo, atenciosamente esculpida, uma parte de mim pro mundo.

domingo, 30 de outubro de 2011

Xote da Liberdade

Música nova, sem arrudeio, um xote pra dançar agarradinho =D


Resolvi fazer uma canção
Pra esse coração apertadinho
Que tá teimando em se esconder
Um xote pra dançar mansinho, gostoso
É perigoso só não querer te largar
Até o dia amanhecer

Vem comigo, meu moreno
No passinho arrastado, fungado no cangote
Que eu vou te mostrar
Que o bom da vida é curtir cada momento
Sem lamento, descomplica
E deixa o sentimento te levar

Passarinho
Pra que ter esse medo todo de eu te engaiolar
Meu peixinho
Se avexe não, que eu te pesco, mas devolvo pro mar

De manhãzinha acordar com teu cheiro
E querer um pouco mais
Não quer dizer te amarrar
Vem logo, nego
Que esse amor é liberdade
De matar nossa saudade
Sem ter que se preocupar

Olha pro céu azul, tão grande, lindo
Sente a brisa que vem vindo
Te chamando pra dançar
Não tem porque ficar assim cabreiro
Como pousar num poleiro
Com essa imensidão pra voar?

Passarinho
Pra que ter esse medo todo de eu te engaiolar
Meu peixinho
Se avexe não, que eu te pesco, mas devolvo pro mar

domingo, 4 de setembro de 2011

Calma e Tempo



Vem,
Veste as asas que fizemos.
Fecha os olhos,
Deita o corpo nesse abismo,
Que o receio é contra a nossa liberdade,
E a distância se aproxima.

Não teme as amarras, as caixas, as jaulas.
Aqui, elas não existem.
O que há é o sentir, e só.

Então sente
Pele, peso, corpo, boca.
Ah, boca...
Tato, gosto, cheiro...

Deixa esse menino desejo correr solto
Brincar vadio no carinho
Desejo puro, destilado
Querer-bem despretensioso.

Não pensa, nem complica
O convite é simples: viver, enquanto é tempo.

Domingo


1° dia do começo, último dia do fim.
E esse torpor angustiado que o sol posto deixa em mim.
Um não-sei-o-que incômodo, apertado,
Silencioso, arrastado,
Desejo de que vá embora.
Contradigo, em mesma hora:
Que regresse sem demora,
Posto que é ponto do círculo;
Dos 7 dias de ciclo, (já dito)
Princípio e fim.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Feito fumaça


Sai, trôpega e trêmula da minha boca.
Deixa injúria, leva embora outras mil
e me faz assim, leve,
dormente, por um instante,
das aflições desse mundo.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Levar de mim

Música nova, meio samba, meio bossa, meu momento quase inteiro


Ah, isso não se faz
Como você pode
Ir embora de repente
E me levar de mim?

Sim, me doei
Dei até o que eu não tinha
De bom grado, de fato
E perdi

Me perdi
Não olhei pro lado no caminho
E agora não sei mais voltar
Nem a trilha que eu seguia
Existe mais

Então, um último favor
Me manda a mim
Por correio ou encomenda
Se lembrar o endereço
Se tiver algum apreço
Por quem eu mereço ser

Bota junto um instrumento
Pr'eu poder abrir picada
Nessa mata escura e densa
Labirinto que cresceu
Num piscar do meu olhar

(21/03/2011
23h59min)

quinta-feira, 14 de abril de 2011

SINESTESIA

Tenho muito carinho por essa música ^_^


Paro no meu pensamento
Vou, respiro fundo o mundo e me deixo desconectar
Pelo inebriante tormento
Que me draga a uma realidade tão caleidoscópica

Onde o ar tem voz bem sussurrada
Sensação de madrugada e gosto de sal
E a alma dança num embalo de balada pop soul
Esse deleite quase musical

Dá pra ver
O brilho dos teus olhos beijando os lábios meus
O beijo da tua boca colorindo o meu ser
O calor do teu corpo embriagando meu ver
E um arrepio...

Rompo meus grilhões de vez
Abraço o talvez e me dou o direito de experimentar
O turbilhão profuso
Que me toma e dispara essa viagem sinestésica

Desfaz barreira espaço-tempo
No intento de aproximar um pouco teu mento do meu
Mesmo que só por um momento interminável
Alucino ser palpável o que aconteceu

Dá pra ver
O brilho dos teus olhos beijando os lábios meus
O beijo da tua boca colorindo o meu ser
O calor do teu corpo embriagando meu ver
E um arrepio

Me fisga de pronto e faz aterrissar
Encaro o teto
Odeio o tic tac do relógio atrasado
Que no tempo certo gira

Se querer é poder, não há como evitar
Eu fecho os olhos
E sigo o som do devaneio doce
Que vicia sem retorno e me faz voltar

Só pra ver
O brilho dos teus olhos beijando os lábios meus
O beijo da tua boca colorindo o meu ser
O calor do teu corpo embriagando meu ver
E um arrepio...

sábado, 9 de abril de 2011

Tanta coisa...


No papel em branco
Grafite não riscado
No olhar perdido
Pensativo, desencontrado
Nessa eterna hesitação
Jazem todos os caminhos
Simultâneos, sem destino
Regados a mel e tanino
De se percorrer sem discorrer
Um transcorrer recorrentemente cíclico
Vicioso

terça-feira, 15 de março de 2011

Três ângulos, quantas interrogações?

Sim, eu te escolhi.
Guardei num canto o que de meu tu não querias,
encantada por aquelas fantasias que vendias,
rendi-me aos teus encantos,
pausei meu viver por ti.

No teu seio mergulhei,
de olhos fechados,
ouvidos vedados,
sempre mais para o fundo.

E lá, no âmago, acordei.

Enxergando-te por dentro,
vi que no teu piso haviam voçorocas,
as paredes tão rachadas,
quase a ponto de ruir.

E eu, em meio a tantas pausas,
decidi ali morar,
fazer meu pão,
fincar meu lar.

Mil maneiras de fazer uma argamassa
que eu tentava, em vão, usar pra remendar
os abalos que não tinham meu dedo (será?).
Sozinha, não dava. Sozinha, não dá.

Agora, te confesso:
Como todo amante que se cansa de esperar,
Nos braços de outra fui buscar
Um refúgio, um afago, levitar de pensamento,
O sorriso no meu rosto e o dilema, o tormento.

Te afirmo, me recuso!
Não escolho, não excluo,
O sabor de cada uma me vicia.
Me esforço uma monta, juro que dou conta!
Só me deixa aqui, viver a três em harmonia

domingo, 13 de março de 2011

Conselho de além-mar



Marinheiro, cuidado
Que um baú que se mostra
Talvez seja pandora
Te atordoe, inebrie
Te confunda os sentidos

Mas espera
A primeira vista pode ser deveras turva
E esconder o tesouro dos mil mares
Que tanto procuravas

Não só olhos, abre a alma
Captura o que se esconde
Da visão de superfície

Pois a profundeza guarda
Teus louros merecidos
O desejo mais temido
De se realizar

(10/03/2011)

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Auto-retrato


Uma música que fiz a uns 3 anos...

A minha indecisão
É fonte de toda a inconstância
Que se apodera, então
Da mente embriagada de sensações
E a inconsciência aflora
E toma a forma da incerteza
Que toma conta do delírio
E leva e traz minha alma em vão

Pra me inebriar
Turvar e confundir minha inocência
Com o desejo que
Avassala sem ter paciência
E me sequestra
Pra um novo mundo
Uma louca dimensão
Onde acabou
Não há mais razão

Fácil recriminar
A nebulosidade do imaginário
Querer cristalizar
Conduta, amor, escuta e expressão
Mas também não é gritar
Cuspir, rasgar, xingar o careta otário
Melhor é demonstrar
Que discrepância é bom, tenha medo não

De se descontrolar
Descontinenciar, perder a pose
Rir do errado e errar
Aqui e ali, não como isso fosse
Culpa de aproximar
O fim dos tempos, o julgamento final
Ser humano nunca foi fatal

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Capítulo do erguer de novo

Ah, esse mundo teimoso
Que não se contenta e insiste em girar
De um piscar se aproxima, de outro te deixa quando mais devia ficar

Ah, essa dor persistente
Que nunca desiste de me atormentar
Feito erva daninha invade
Sem pedir licença pra enraizar

Se não fosse essa força que tenho
Pra mais de mil vezes me recuperar
E o vigor nordestino de rijo pescoço
E rosto sempre para o ar

Não teria nem meia coragem
Pra, num golpe limpo e seco, puxar
Cada corda presa

Sei que tal ato, tão brusco e sem anestesia
Vai me maltratar
Mas que sangre minha superfície
Deixando meu cerne mais firme estar

Saro feridas com meus curativos
Que levam caneta e papel
Te confesso numa melodia
Que o gosto na boca ainda é fel

Bom pra fazer cicatriz
É saber que o sol nasce a cada manhã
Mesmo que meu sofrimento
Ainda venha em picos de febre terçã

Dito tempo, outrora maldito
Agora bem-vindo, na mão vem pegar
E isso tudo esparsar

Ah, esse mundo teimoso
Que não se contenta e insiste em girar
Me despeço pra tomar meu rumo correndo
Eu tenho que acompanhar

domingo, 23 de janeiro de 2011

Agora Quem Sangra Sou Eu



Aquela espada, dupla lâmina, poderia ter partido-me as pernas, vazado meus olhos, cortado-me a língua. Mas não.

Teleguiada, transfixou-me o peito, dilacerou o que havia pelo caminho.
Permanece lá, girando lentamente, torcendo o vazio que agora é meu resumo.

Sangro no papel, já que meu corpo não comporta mais. E o fluxo não cessa, corre em pulsos controlados pela memória do mais belo sonho que, à porta de virar realidade, tive a destreza de suicidar.

Paradoxo Por Você

O frisson da insegurança me apaixona
E o seguro do abraço me faz crer
Que, enquanto eu puder viver
Não será fácil resolver o mistério desse laço
Desse tortuoso traço
Que me prende, mas liberta
Que me mata, mas desperta
Que me mete medo e sede
De ti, nos meus lençóis
Teus beijos como anzóis
Estimulam meus instintos
Se eu clamar clareza, minto
Corro para abocanhar
Cilada dos mil mares
Me trazes novos ares
Não consigo mais voltar

(18-01-2011)

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Condão Inoportuno



Dói.
E como...

Fazendo uso de meu condão, como que treinado para fazer dos melhores prólogos um epílogo de uma folha só, estendo-te uma rosa, minha melhor rosa, jamais vista por ninguém. Preocupada em alertar-te sobre um pequeno espinho, imperceptível aos teus olhos, furo-te a carne, extraio-te sangue. Meu sangue. Uma gota tua me faz anêmica, e isto só porque diminuiu o brilho dos teus olhos. Enquanto dormes, devaneio. Me invade o medo de que o trabalho de tua medula restitua-te o teu sangue, mas não o meu. E se meu espinho levou aquela gota de brilho? Traço, então, um plano de vida ou morte: jogar-me pelo labirinto da tua alma, sem olhar para trás nem deixar pista para retornar. Hei de achá-la e, uma vez encontrada, não me importa mais voltar.