quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Indistinta distância



"Mais um dia raiou sem teu abraço
Frio e cinza, como é de se esperar
A saudade apertando como um laço
Entrecorta o ar que eu tento respirar

Corro, vou chorar na barra do meu verso
Nas desajeitadas quadras, aflição
E engasgada no meu peito, marejando
O que deveria ser uma canção

Mesmo o sol estapeando o meu rosto
Ou a brisa vindo me acariciar
Não te trazem, não aproximam nem um metro
De outro canto que já não venha a morar

Nem me trazem, num lampejo ou rajada
A mais simples, a mais pífia explicação
Se há resquício de justiça nesse mundo
Por que perto só está teu coração?"

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

ILUMINAR

Para a minha querida avó Maria, que se foi no último dia 08, deixando como herança a melhor família que alguém pode ter.


Do caminho de paz
De onde estás a iluminar
O ser de cada fruto teu
Eu te vejo acalantar
Com olhar de mãe
O choro de quem não te perdeu

E sorrir, no brilho dar
A prova de
Que a dor é egoísmo meu
Já que, enfim, foste encontrar
O teu lugar
Sonhado, ao lado do Pai

Depois de trilhas árduas, força
Agora os campos verdejantes
Pra quem o valor da fé
Se mede como o horizonte

E o legado que, na Terra, incrusta
Preciosa fonte
Se traduz em um laço sagrado
Amor que não perecerá

Estás comigo agora
E sempre permanecerás
Estás conosco agora
Eterno será seu lugar

Nicole Pinheiro
Naianne Pinheiro
Mateus Pinheiro
(11/12/2010)

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Beco Sem Saída



Que posso eu fazer
Se minha gaiola é teu palco
O teu templo, minha algema
Teu paraíso, minha prisão?

Como evito ir de encontro
À minha conduta romba
Quando eu, por mim, sou lâmina
Que lacera teu sonhar?

O que uso para escolher
Entre, aos prantos, ver-te aos cacos
Ou, num mundo de aparências,
Por vontade esfacelar

Aquilo que sou eu
Que não posso mudar?

Atordoa-me entender
Como minha humanidade
Desumana, te magoa
Nos opõe em um instante

Descobrir que ser punhal
É tortura impiedosa
Contradiz o que se prosa
Ser o fio dói demais

Se houver como, um dia
Demolir essa parede
Só a minha mão e a tua
Abrirão as nossas caixas

Desvendando como encaixam
Nossas farpas, sem ferir

Mas, enquanto não se faz
Vejo perder-se o esforço
Meticuloso, e em vão
Dos meus passos atraumáticos

Pois, em um segundo só
Após meu abrir de asas
Implodi a tua casa
Te matei ao respirar

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Aviso a uma navegante



O que aflige as amigas me faz escrever...

E quando o coração aperta, espetado pelas lembranças duras de um passado luminoso que não voltará, é que se deve ter cuidado. Permanecer recluso nesse abraço angustiante é tentação alimentada pela natureza levemente masoquista e deveras nostálgica do ser humano. Agarrar-se a essa cela sem janelas, no entanto, é fechar voluntariamente os olhos para outros focos de luz, outras tantas cores que bailam à nossa volta como arco-íris em forma de tapetes mágicos, mil caminhos que nos levam às infindáveis botijas de ouro que são as bênçãos dessa vida. Mas teimamos em insistir naquela única que ficou pra trás. Abramos os olhos, os braços e a alma pra todas as possibilidades diante de nós colocadas. Não nos esquivemos da felicidade real, focando nossos esforços em espectros de uma alegria passada, pois, enquanto se assiste um filme velho pela centésima vez, há mil outros sendo rodados em cada esquina. Viver é andar sempre em frente, carregando as marcas do passado, mas sem se amarrar a ele. Até porque, nessas idas e vindas da vida, nesse labirinto que é o destino, com tantas encruzilhadas, há sempre o risco de dois caminhantes se cruzarem outra vez.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Amizade

Dedico este post às meninas do Chat Gadu, as flores que fazem a alegria dos meus dias!!!!



Venho refletido muito esses dias sobre como são construídos os laços entre as pessoas e quais são os parâmetros, se é que eles existem, pra esses laços serem considerados verdadeiros, autênticos de fato. E começo a pensar no que as pessoas geralmente usam como tal.

O tempo, por exemplo. Muita gente acredita que a força e a sinceridade do laço estão necessariamente atreladas ao tempo de convivência.
Não concordo.

A presença é outro. Quanto mais fisicamente presente a pessoa na sua vida, maior o laço. Também não é verdade.

E, se continuarmos pensando, vamos conseguir listar inúmeros parâmetros que as pessoas usam pra qualificar uma amizade, um bem-querer ou sei lá. Mas a gente, na maioria das vezes, tem uma necessidade tão grande de estabelecer esses tais parâmetros pra tudo e usá-los pra qualificar a nossa vida e as relações com as pessoas que a constróem, que, das duas uma:

Ou a gente não se permite muita coisa por conta disso tudo e acaba perdendo momentos e pessoas maravilhosas que vão aparecendo;

Ou a gente é pego desprevenido, num momento em que não colocamos todas aquelas paredes de exigências pra aqueles que podem fazer parte da nossa vida transporem. E aí, meio que sem saber como, acabamos sentindo saudades de quem a gente nunca viu, amando quem a gente nunca esteve perto, e descobrindo que não tem tempo mínimo, não tem distância física mínima, não tem parâmetro objetivo que se possa estabelecer pra qualificar, ou desqualificar uma amizade.

Tenho procurado me despir desses parâmetros, andar propositalmente desprevenida. E creio ser por isso que venho sendo tão feliz!

Muito muito obrigada a quem tem sido parte dessa felicidade!

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Metade


Não aceito ser tua metade. Sinto informar que este pensamento não me apetece. Recuso-me terminantemente a seguir a limitada lógica algébrica de que dois, para se tornarem um, precisem dividir-se ao meio, abandonar cinquenta por cento de si para que o outro se encaixe no espaço ali deixado. Não sou dada a mutilações. Quero permanecer inteira, quero continuar sendo eu. E te quero inteiro também, completo, com tudo o que tens direito de ser, tudo o que eu tenho direito de ser contigo.É criminoso à nossa humanidade sermos duas metades de o que quer que seja, as quais separadas não tem sentido próprio. Merecemos ser dois inteiros diferentes que, postos (sobre, sub ou inter), sejam um inteiro melhor. Assim, sem a ameaça de perdermos o propósito se, ou melhor, quando separados, poderemos ter a liberdade de estarmos juntos por querer estar, e não por precisar.

sábado, 8 de maio de 2010

Desencontros

Isso, na verdade, foi um comentário ao post "Desabafo a um ninguém", da minha amiga Kerlianne Gomes. Achei que dava um post...




A gente passa uma boa parte da vida se conhecendo bem até demais. Aí o mundo começa a cair nas nossas costas de uma forma tão atordoada que a gente se perde de vista no meio desse turbilhão. E tudo só faz girar cada vez mais rápido, ficar cada vez mais turvo. Você grita "Pára o mundo, que eu quero descer!!!!", mas o mundo ou é surdo, ou é chato. Quando você cresce, parar não dá mais, voltar muito menos. E agora? Tô com saudade de mim, me quero comigo de novo, o que faço?? Acelera o passo. Corre. Já dizia a cinemática: "A velocidade relativa entre dois corpos é a diferença vetorial entre suas velocidades próprias". Zere essa diferença. Corra na mesma velocidade do mundo pra alcançar a si mesma de novo, e permanecer junto. Talvez, quando isso acontecer, você encontre seu eu um pouco diferente por causa da jornada. Mas não pare pra tentar entender as mudanças. Entenda, sim, mas em movimento. O que você precisa ter, acima de tudo, é a consciência de por onde você está correndo. Se estiver indo pro lado errado, sempre dá tempo de mudar de caminho.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Decisão


E quando a vida, pentelha só, quiser te confundir e colocar, na tua frente, mil e um caminhos certos numa encruzilhada, ri da ingenuidade dela e segue por todos, porque o impossível é tão simplesmente o que não se decidiu fazer.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

De fã para ídolo - a Maria Gadú



Singelos dedos correm pelas cordas, lançando no ar a alma doce de uma menina como som. Amplificado pelo sorriso tímido e sincero, pelo olhar cativante, às vezes desconcertado, alastra-se rápida e irremediavelmente por cada partícula de sentimento bom que há nesse mundo, arrebatando gregos, troianos, cearenses e paraibanos com a magia da mais pura e simples verdade, marcada nas cinco letras já tão exaltadas por Milton mesmo anter de conhecê-la; Maria, orgulho de D. Cila, continue a encantar, colorir e fazer bem, nos brindando com a manha, a graça e o sonho, sempre.

Muito obrigada por tudo.
Nicole Pinheiro
22/04/2010

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Preciosidades

Um amigo especial escreveu isso. Me encantou profundamente, e queria compartilhar aqui.

Sobre Fé e Picolé
Felipe Potiguá

Deus morreu no dia em que
O homem lhe deu um nome
Depois disso, as estrelas tinham fome
E o vento discursava na alvorada

Deus nasceu depois, ainda
Quando o homem, por um momento, esqueceu da reza
E vieram as estrelas pra festa
Onde o vento cantava c'a passarada.

Deus morre e ressucita todos os dias
Em ambos os casos voa e pousa e canta por aí

Mas quando escolhe morada
Prefere os cabelos desgrenhados de qualquer criança
Porque faz seu ninho perto dos pensamentos de esperança
Que não sabem nome, reza ou fé
Não gostam de banho, arrotam e tem chulé

Lágrima

(Algo que saiu de dentro num dia conturbado. Espero que gostem...)

Aquece o coração, inflame ou afague. Como vapor d'alma, tamanha energia na ânsia de se libertar, difunde por todo, célula a célula, até a angústia, elástica, pra o centro de novo tudo puxar. Compacta em bolo, mas quente ainda, ascende a garganta, comprime o falar. Depois, então, logo abaixo da razão, alcança a esclera fria, que dá para o mundo duro. Intimidada, condensa, escondida no cantinho do olho. Toma coragem, rola no abismo. Leva consigo um pedaço, seja aresta aparada ou deixe um buraco. Inevitavelmente, seca, árido que é lá fora. No rosto, só rastro de água e sal. Por dentro, no entanto, sopra leve a brisa, das que reconfortam depois da tempestade.

(11/02/2010)

Retomando...

Quero começar desejando um feliz 2010 e pedindo desculpas a todos pelo sumiço de mais de um mês, mas tava rodando por aí, daí foi difícil postar qualquer coisa. Sei que, entre todas essas idas e vindas, você sempre acaba tendo que esperar muito ônibus, carona ou o que quer que seja, e acaba tendo que lidar com uma coisinha chata:



É engraçado como, quando a gente tá em época de aula, trabalho e tudo o mais, a gente fica desejando simplesmente não ter nada o que fazer. Só que, quando esse momento enfim, chega, a gente não sabe como lidar com ele, fica de saco cheio, louco pra ter alguma coisa pra se entreter. Estranho, né? Mas todo mundo é assim, meio doidinho :P.

Então, aproveitando toda a experiência adquirida no assunto durante esse tempo que passei viajando, darei agora algumas sugestões de como dar uma acelerada nos ponteiros do relógio enquanto você está praticando o ócio contra a sua vontade (gostaria de salientar que este post foi baseado, em grande parte, na experiência de esperar minha carona na rodoviária de Natal/RN inutilmente por mais de uma hora, tendo em vista que eles estavam dormindo dentro do carro, no estacionamento, aguardando minha ligação - quem disse que eu tinha crédito??).

Antes de tudo, pra muito do que vou falar aqui, você vai precisar de um dinheirinho, então tente garantir aqueles 10 reais da salvação dentro da carteira, ok?


1) COMA BEM DEVAGAR.


Descole uma coxinha, ou algo do tipo, tomando cuidado com a possível presença de Salmonella enterica e afins. Daí você mastiga umas cinquenta vezes em marcha lenta, pensando no processo de produção do alimento, na ação da saliva sobre ele e vai sentido cada caloria ingerida se incorporando ao buxinho preexistente. Só nessa já passou uma meia hora.

2) COMPRE UM SUDOKU


Esse joguinho é uma beleza pra passar o tempo. Melhor do que palavras cruzadas, a meu ver, porque você não se sente uma criança resolvendo a série 'Picolé', nem uma criatura sem cultura quando mal consegue decifrar uma palavra da 'Coquetel Médio'.

3) PUXE CONVERSA COM A MULHER QUE FINGE QUE VARRE A RODOVIÁRIA
Ou espere ela puxar conversa com você ;P De qualquer forma, ela não tá varrendo de verdade mesmo, ela vai querer arranjar assunto...

4) COMPRE JOGUINHOS PARA O SEU CELULAR
Isso mesmo, invista em inutilidades digitais! Você sempre se arrepende quando tá naquele tédio e não tem um joguinho de corrida decente no telefone móvel.

5) TESOURE MENTALMENTE AS PESSOAS
Tá, é feio falar dos outros. Mas todo mundo gosta! E você nem vai estar falando de fato... Então olhe para todas as marmotas ao seu redor, analise meticulosamente cada uma e memorize as melhores pra tirar sarro depois! Se quiser incrementar mais ainda o processo, você pode ranqueá-las, fica ainda mais divertido!!

Essas são apenas algumas sugestões. Se você tem outro método de fazer o tempo passar mais rápido, compartilhe com a gente nos comentários!!!!