segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O melhor show da vida


Não me considero alguém que tenha ido a muitos shows até o momento. Depois que vim morar na PB, de fato, esse número aumentou consideravelmente, mas ainda é pequenininho se eu comparar ao que almejo num futuro que talvez só venha a existir mesmo nos meus sonhos. E esse semestre pareceu brincadeira: Tulipa Ruiz, Maglore, Marcelo Jeneci (que ainda não foi, mas a expectativa permanece), e, nesse domingo, Leo Cavalcanti.

Há quem me chame de doida por eu não medir esforços e certamente comprometer meu orçamento mensal pra atravessar o estado quando uma oportunidade dessas me surge. Prefiro assumir-me impulsiva, já, de certo modo, pedindo desculpas e justificando que, até o momento, sempre valeu a pena.

Hoje, mais do que nunca.

Há uns dois anos eu, graças à nossa internet amada (Salve! Salve!), dou de cara com a música de um cara muito a minha cara. A melodia caleidoscópica montada por um mar das mais variadas influências e aquelas letras de uma poesia clara que parece ler a mente montavam um disco que mais parecia um prato da minha comida favorita, pedindo pra ser devorado. Óbvio, foi exatamente o que eu fiz e, nesse meio tempo, algumas músicas nunca deixaram de fazer parte das minhas playlists, como 'Vou Ser Você' (a mais sinestésica pra mim, que, infelizmente, não fez parte do set desse show).

E então Namíbia vem me avisar que o tal cara vai tocar ali em Sousa!!!!!! O que são míseros 300km quando comparados a dois anos amargando turnês a mais de 2000km de distância? Sério, me responde: tinha como eu não estar lá?

Cheguei no sertão junto com o sol, trazendo a ansiedade e o encarte do CD dentro da mochila. A primeira eu deixei guardada; o segundo, tirei enquanto descobria as coordenadas da casa da amiga pra repassar as canções na cabeça.

Depois de um dia tranquilo, bem acompanhado e bem aproveitado, entrei no Centro Cultural com um friozinho na barriga. O primeiro show, da paraense Camila Honda, foi de uma doçura cativante. Quando abriram novamente as portas, tive o cuidado de me posicionar no meio da primeira fila, bem em frente ao palco; não dava pra perder nenhum detalhe!


No momento em que os músicos entraram, o show já começou a superar as minhas expectativas. Mariá Portugal, Filipe Franco e Marcos Leite visualmente formavam uma mistura heterogênea, figuras que causariam um certo estranhamento se arriscassem uma caminhada pela cidadezinha pacata. Ali, no palco, tudo me parecia muito familiar, inclusive a ansiedade já explodindo no peito. Mariá alojou-se na bateria (um PQP mental nesse momento :P), Filipe passou a correia da guitarra pelo pescoço, Marcos fez o mesmo com o baixo. As minhas bochechas já salientes estavam maiores ainda, fixadas num sorriso deslumbrado quando ele entrou no palco.

Teatralidade, musicalidade, amabilidade, espontaneidade, verdade... Posso passar nem sei mais quanto tempo  escrevendo substantivos que concretizem o que aconteceu naquele palco. A guitarra de Filipe, tão marcante quanto o se bigode (:P), a energia surpreendente da bateria de Mariá, o psicodelismo dos cabelos e do sintetizador de Marcos formavam uma combinação perfeita com o tudo de Leo Cavalcanti. Imagino o que deva sentir um artista independente ao chegar em uma cidadela sertaneja, até então desconhecida, e ouvir o público cantando junto. Esse regozijo contaminou a platéia inteira, a vibração intensa ao final de cada canção atestava isso claramente.

Mais cedo, eu havia brincado com Nabila e Namíbia, dizendo que iria até o CCBNB na passagem de som pedir pra cantar a parte da Tulipa Ruiz na música. Descobri, no meio do show, que a telepatia que parecia existir quando eu lia as canções de fato era real.

"Mas no fundo uma esperança dorme, pronta a qualquer alarme, se você mudar de idéia". Ali, de joelhos, na minha frente, olho no olho, ele virou o microfone pra mim. "Pois nenhum amor assim morre, talvez você se desarme, estarei pronto para a reestréia".

Inacreditável. Inimaginável.

Levantamos e dançamos a dança da surpresa, da alegria e de todos os sentimentos bons que só a música traz numa enxurrada. De relance, vi Mariá passando o dedo no canto do olho. Foi emoção, ela me disse depois, e isso me deixou mais emocionada ainda.

Agora, de volta a Campina Grande, de saída pro hospital, de volta à rotina, posso dizer:

Isso não foi um show, foi um sonho.

3 comentários:

  1. Que lindo Nicole!!!! Eu sou suspeita para falar do Leo, pq eu amo muito. Por enquanto vi show dele duas vezes aqui em SP, mas escuto o cd todos os dias (nem que seja um tiquinho). E, quando tiver oportunidade, venha pra Sampa deixar a música boa fervilhar nos seus ouvidos. Um beijo. Mônica

    ResponderExcluir
  2. Que legal Nicole, fico tão feliz por vc, pena eu que estar presente para me emocionar como Mariá. Bj!!!

    ResponderExcluir