terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Beco Sem Saída



Que posso eu fazer
Se minha gaiola é teu palco
O teu templo, minha algema
Teu paraíso, minha prisão?

Como evito ir de encontro
À minha conduta romba
Quando eu, por mim, sou lâmina
Que lacera teu sonhar?

O que uso para escolher
Entre, aos prantos, ver-te aos cacos
Ou, num mundo de aparências,
Por vontade esfacelar

Aquilo que sou eu
Que não posso mudar?

Atordoa-me entender
Como minha humanidade
Desumana, te magoa
Nos opõe em um instante

Descobrir que ser punhal
É tortura impiedosa
Contradiz o que se prosa
Ser o fio dói demais

Se houver como, um dia
Demolir essa parede
Só a minha mão e a tua
Abrirão as nossas caixas

Desvendando como encaixam
Nossas farpas, sem ferir

Mas, enquanto não se faz
Vejo perder-se o esforço
Meticuloso, e em vão
Dos meus passos atraumáticos

Pois, em um segundo só
Após meu abrir de asas
Implodi a tua casa
Te matei ao respirar

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